O governo brasileiro resolveu tentar solucionar o problema dos hospitais públicos. Tomou a decisão de contratar médicos de outros países para atender aos nossos doentes. De cara nossos médicos protestaram e ganharam apoio de alguns, mas no decorrer dos debates descobrimos que nossos profissionais de saúde não querem trabalhar nas áreas mais carentes de nossa terra, com todas as dificuldades que o sistema de saúde enfrenta, foi revelado uma das causas destes problemas, o profissional de saúde não larga a comodidade da cidade grande. Até aí tudo bem, é direito de escolha de cidadão, nada contra, mas querer impedir que profissionais de outros países façam o que eles desumanamente se negam a fazer, aí eu discordo. Não quer ir, deixa quem quer ir fazer o trabalho ir.
O cidadão brasileiro está morrendo nos hospitais públicos e como se já não bastassem a corrupção do poder público, agora descobrimos essa má vontade de uns.
Fizeram passeatas, alegaram seus motivos de serem contra os estrangeiros fazendo seu serviço, acusaram de incopetencia destes profissionais estrangeiros. Será que só no Brasil tem profissionais na área de saúde? E nossos casos de erros médicos? Como tratam?
E pra completar a desgraça, a emissora SBT que é uma das que é criticada e censurada por manifestantes, mostrou o outro lado da moeda. O que está por trás do caos dos hospitais públicos, a parte direta que diz respeito aos pacientes, pior, os que tentam ser o paciente, é simplesmente a falta de médicos. A emissora mostrou em Julho um grupo de médicos de um hospital público de São Paulo que batiam ponto e não trabalhavam. Este mês está sendo mostrado o mesmo processo aqui em um dos hospitais do Rio de Janeiro. Que provavelmente é uma prática em escala nacional.
A reportagem de Fábio Diamante, Fábio Serapião, Ronaldo Dias e Cristian Mendes, revela que estes funcionários públicos chegam aos seus hospitais onde deveriam cumprir carga horária efetiva (trabalhar), batem o ponto eletronico e vão embora para seus consultórios particulares. Dentre estes profissionais há representantes políticos que deveriam dar o exemplo(o bom).
Aí analisamos:
Temos cidadãos brasileiros tentando ser um paciente, ou seja, tentando serem atendidos.
Temos um grupo de manifestantes quebrando a cidade em nome da ordem e progresso.
Temos um governo corrúpto que para aliviar o problema se viu na obrigação de contratar médicos de outros países.
Temos enfermeiros mau remunerados e sobrecarregados que assistem o desrespeito destes doutores.
Temos médicos que não querem ir trabalhar nas áreas carentes de nosso país, e pelas manifestações mostram que não querem que ninguém vá. Como é desumano. Tão desumano quanto um bandido que por nada mata um trabalhador em um assalto.
E também temos médicos que deveriam trabalhar nas redes públicas, mas que somente batem ponto e vão para seus consultórios particulares, esquecendo de seu juramento de Hipócrates ou podemos chamar de juramento de Hipócritas.
A vergonha é muita e a revolta também. Quantos cidadão brasileiros estes doutores já mataram só este ano? Vão responder por estes crimes?
Algo que já citei aqui antes e mantenho é que se todos lutarmos por nossos deveres e fazermos nossos deveres direitinho ninguém terá que reclamar.
Queria ver estas passeatas na porta destes consultórios particulares...
Para quem não sabe quando se forma,o profissional da área de saúde faz uma declaração (juramento) como fazemos ao nos casar. O juramento de Hipócrates assim conhecido acredita-se que foi escrito por Hipócrates ou um de seus discípulos. Em 1948 foi atualizado pela Declaração de Genebra, a qual vem sendo utilizada em vários países por se mostrar social e cientificamente mais próxima da atual realidade.
![]() |
como se já não bastassem a corrupção do poder público, agora descobrimos essa má vontade de uns. |
"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."
![]() |
batem ponto e vão para seus consultórios particulares, esquecendo de seu juramento |
"Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário."
![]() |
Temos cidadãos brasileiros tentando ser um paciente, ou seja, tentando serem atendidos. |